quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Medo

“As palavras se retorcem na sua garganta, arranhando sua sanidade, sufocando lentamente seu desejo de sentir aquilo novamente. Sua razão lhe nega a chance de proferir qualquer coisa que o deixe exposto àquela mulher. O medo se instala em seus pensamentos junto com as dúvidas e inseguranças.
Por que? Por que tanta dificuldade em dizer palavras tão simples? Tal vez elas carreguem uma dor imensurável junto com elas, arrastando um passado cheio de mentiras e decepções.”

— Chinno Ferreira

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

"Oi"

"Fingi não te ver chegando apenas para apreciar cada passo envergonhado que você dava ao se aproximar de mim. Ainda lembro do som daquele "oi" quase inaudível e sem jeito, como se todos os anos de amizade tivessem desaparecido e aquele fosse o primeiro encontro de nossas vidas. Uma correntinha de ouro deslizava entre teus lábios, enquanto tuas mãos seguravam o pequeno pingente que nela se encontrava, como se aquilo fosse te proteger de algo inevitável...
Aposto que naquela hora você percebeu que já estava apaixonada há muito tempo... porque eu com certeza estava."


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Teu nome me lembra a tardes frias de inverno


É inevitável para mim lembrar de você e não sentir o aroma de um café, misturado com as lembranças das nossas tardes ao som de uma rádio que era somente nossa. Sinto saudades daquele tempo, onde mesmo distantes ainda conseguíamos nos sentir tão próximos um do outro. Onde em cada manhã me era outorgada a tua companhia insubstituível. Sinto falta do toque frio do mármore onde eu me apoiava para poder trocar palavras inseguras contigo, através de um muro de vidro ou da janela de um mundo virtual.
Sinto falta do passado... mas sou grato, mesmo distantes um do outro, por você continuar fazendo parte do meu presente. E por você ser um presente.


Finalmente...

Lá estava você, sorrindo timidamente enquanto ajeitava o cachecol. As árvores pareciam se erguer ao teu redor em sinal de respeito, e o vento roubava as poucas folhas que lhes restavam, apenas para permitir que cada passo teu fosse acompanhado pelo som do outono. Nenhuma palavra foi pronunciada quando você estendeu tua mão até a minha, com um meio sorriso no rosto e um olhar que sempre consegue me derreter por completo.
Caminhamos em silêncio, e o sol deixou tudo num tom cada vez mais alaranjado enquanto se escondia entre prédios antigos e ruas vazias. Teu cabelo tinha a cor do outono e brilhava tanto quanto os teus olhos. E então você encostou a cabeça no meu ombro, e disse apenas... "Finalmente". Minha mente lembrou de todos esses anos em que ficamos distantes um do outro, e pronunciei as únicas palavras que poderiam expressar o que eu senti naquele momento:

...Finalmente.



"Milagres só existem quando pessoas acreditam neles"

    A-Buh notou um certo desconforto no rosto da criança. Aproximou-se ainda mais e enxergou dúvidas no olhar dela. 
- "A-Buh não mente, pequeno ser. A-Buh sempre fala a verdade para quem merece ouvi-la." 
- E por quê eu mereço a verdade, Senhor A-Buh? - disse enquanto desviava daqueles olhos enormes que a fitavam tão calmamente. 
- "Porque você é criança, pequeno ser. Criança é inocente, criança não merece ter sonhos ofuscados por mentiras. Porque sonho de criança faz milagres, pequeno ser." 
- Milagres não existem, minha mãe sempre diz isso.

- "Milagres só existem quando pessoas acreditam neles, pequeno ser." 
- Hum... - ela dirigiu seu olhar até o ursinho que parecia estar brincando com sua espada. - Como o Joey, não é? O Joey é um milagre... e você também é, A-Buh.

- "Sim, minha pequena. Existimos apenas porque você acredita em nós."
E então finalmente ela compreendeu que tudo era possível... bastava apenas acreditar. A Menina já não tinha medo. Seus maiores problemas tinham se tornado insignificantes perto da sua coragem. Sua consciência era tão pura que poderia enfrentar todas as dificuldades no seu caminho sem temor algum. Nada mais era capaz de assustá-la.... Nem mesmo a Morte.

(Trecho do livro "A Menina, o Ursinho e o Anjo da Morte" - Chinno Ferreira )